Vou dividir com vocês as andanças do Feijão no Prato e família Trapo por mundão de meu Deus – Uma de nossas paradas foi em Tiradentes (MG), local que no meu conceito deveria fazer parte do roteiro de todo mundo que gosta de cozinhar e comer bem, um lugar cheio de sabores, tradições e com muita bossa.
Quando estive lá, visitei inúmeros lugares que depois vou dividindo com vocês ao longo do tempo, mais o fato que não poderia sair de lá sem ir ao Virada´s do Largo e quando cheguei fui recebida pela própria Beth Beltrão, uma figura sensacional, cheia de mineirice ao falar e cozinhar – já vai logo avisando que se está com pressa melhor não se sentar pois ali é um lugar para comer tranquilo, degustar uma cachaça e curtir o tempo próprio de Tiradentes, acredite lá tudo é diferente – eles tem seu próprio relógio.
No cardápio ingredientes autênticos da cozinha mineira, a grande maioria vindo da própria horta da Beth que fica no fundo do restaurante e pode ser contemplada pelos clientes sentados em suas mesas. O Mucadim di Gustuzura é um exemplo dessa cozinha – comemos a linguiça feita por ela mesma e defumada em um fogão de lenha que também pode ser visto pelos clientes, uma linguiça que jamais vou esquecer, feita em uma chapa de ferro, com cebola roxa, alho frito e pãozinho francês em fatias – as minis panelinhas com molhinhos de pimenta e farinha são um luxo a parte.
A horta no fundo do restaurante é algo espetacular, dá a sensação de que está comendo na casa da sua mãe ou sua avó, aquela coisa que já não existe mais, e que vi acontecer na fazenda do meu avô inúmeras vezes, falo daquele burburinho nas cozinhas das fazendas que começa logo cedo, com a lenha já estralando no fogão e as mulheres indo a horta com enormes bacias recolher o que seria feito no almoço do dia – ela tem lá também um galinheiro onde cria frango caipira, um prato que pode ser degustado lá, basta você ligar antes e solicitar o prato e ela faz especialmente pra ti. Conversamos por um tempo e nessa conversa ela acabou me dando um presente, uma linda muda de ora-pro-nobis ou Lobrobo como também é conhecido.
A porção de ora-pro-nobis ou lobrobo servido nessa linda panelinha de cobre.
E pra finalizar não poderia sair de lá sem comer o sorvete de queijo canastra com calda de goiabada, sem palavras pra esse sorvete.
Não sei se é coincidência, mas a Beth é cozinheira oficial do Terra Madre, evento que o movimento Slow Food promove na Itália com milhares de cozinheiros, chefs e agricultores – como essa associação que prega um alimento, bom, limpo e justo a encontrou em Tiradentes nem ela mesma sabe explicar direito – o que posso falar é que quem come no Viradas, não esquece jamais da experiência.